3 métodos para estudar Filosofia
- Secretaria da ACTA
- 19 de jul. de 2023
- 3 min de leitura
Atualizado: 20 de jul. de 2023
Neste breve artigo, apresentamos três principais métodos para estudar filosofia de maneira ordenada e proveitosa; especialmente destinado aos iniciantes.

Roteiro do artigo: 1. Considerações introdutórias; 2. Hermenêutica: passeio histórico das origens ao contemporâneo; 3. Dialética: confronto de ideias divergentes; 4. Elegendo e aprendendo com um mestre; 5. Considerações finais.
1. Considerações introdutórias
Já tratamos em outro lugar (clique aqui) sobre conselhos práticos para ordenar o próprio ato de estudar, tal como o modo de tomar notas e quais os tipos de leitura a serem realizados. O que trazemos agora são métodos para analisar e interpretar teses e textos filosóficos de maneira mais específica.
A maioria dos iniciantes em Filosofia se sentem à deriva no oceano de pensadores e correntes filosóficas dispersos pelo mundo, e têm dificuldade de definir um começo e um caminho ordenado de estudo. Para facilitar, apresentamos os três principais métodos ou, melhor dizendo, os mais ordinários à disposição.
2. Hermenêutica: passeio histórico das origens ao contemporâneo
No método hermenêutico, o objetivo é relacionar os diversos autores e correntes filosóficas numa linha de desenvolvimento que transita entre continuidade e ruptura de uma época para outra, dando, portanto, uma dose de privilégio à história da filosofia.
Assim, ao ter em mãos um texto filosófico, é necessário ater-se à época em que foi escrito, quais as correntes e/ou filósofos que influenciaram o autor e qual o contexto em que ele vivia, fatos que provavelmente afetaram e conduziram seus objetivos ao escrever.
Há de se perceber que o desenvolvimento da filosofia não é linear e progressivo, mas, como supradito, é um constante trânsito entre a continuidade e a ruptura: Tomás de Aquino foi influenciado por Aristóteles, Agostinho e Pseudo-Dionísio Areopagita; Nietzsche, por outro lado, deseja ardentemente romper com a tradição que lhe é anterior. Isto varia de filósofo para filósofo.
Enfim, vale ressaltar, o uso adequado do método hermenêutico pode exigir, a depender do tema, o conhecimento de outras áreas do saber: história em que o autor está inserido, as fontes que ele teve acesso, possíveis pressões políticas que sofreu, entre outros exemplos.
3. Dialética: confronto de ideias divergentes
O método dialético, por sua vez, se atém em analisar os conceitos filosóficos a nível abstrato, isto é, prescindindo do contexto histórico do filósofo e concentrando-se tão somente na lógica do argumento e seus possíveis desdobramentos; e isto pode ser feito de maneira disciplinar, escolhendo uma matéria filosófica (Ética, Política, Metafísica...) para começar os trabalhos.
Desse modo, o estudante analisa as questões que lhe são propostas comparando os argumentos de diversos autores e os colocando em confronto, levando a cabo suas conclusões e procurando possíveis contradições no seu desenvolvimento e arquitetura. Aquele argumento que não puder ser refutado, persiste como sendo verdade até que se possa provar o contrário.
A dificuldade deste método é que, nos níveis mais elevados e abstratos, a discussão exige o domínio dos princípios e das regras da Lógica, além da capacidade de lidar com a realidade no plano puramente conceitual sem se perder em abstrações inaplicáveis e/ou desconexas do mundo exterior.
4. Elegendo e aprendendo com um mestre
Enfim, é possível eleger um mestre em Filosofia para, a partir dele, começar os trabalhos. A maioria dos grandes filósofos teve um mentor adequado: Aristóteles foi discípulo de Platão; Tomás de Aquino foi de Alberto Magno; John Finnis teve H. L. Hart.
O mestre não precisa ser, necessariamente, alguém vivo e que se tenha acesso presencial. John Finnis foi bastante influenciado por Tomás de Aquino, e este por Aristóteles.
O ponto central deste tipo de empreendimento é absorver do mestre o máximo possível para, a partir daí, ter ideias e projetos próprios. O mestre não é o ponto de chegada, mas o ponto de partida. Ele deve moldar a mente do aluno, informar-lhe seus princípios, persuadir-lhe do benefício do conhecimento e inspirar-lhe a crescer e perseguir seus objetivos.
Assim, o primeiro trabalho a ser feito é conhecer o pensamento dos mestres nas mais diversas áreas em que ele se dedicou, e ser dócil aos seus ensinamentos. Isto não significa dogmatizá-lo ou cultuá-lo como A Própria Sabedoria, mas ter a humildade de aprender de alguém antes de se aventurar.
5. Considerações Finais
Evidentemente, esses métodos podem ser combinados, reformulados e/ou modificados. Independente do caminho escolhido, o conselho pessoal da Academia Tomás de Aquino: jamais comece pela Filosofia Moderna. A maior parte dela é alimentada pelo desejo de ruptura e seus autores estão constantemente tentando “reinventar a roda”.
É mais salutar possuir uma certa bagagem filosófica antes de lidar com a modernidade confusa e caótica; por isso, independente da área a que vai se dedicar, sempre comece pelos clássicos.
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